Organizações internacionais denunciaram julgamentos secretos contra annoboneses sequestrados pelo regime da Guiné Equatorial.

A comunidade internacional voltou mais uma vez sua atenção para a Guiné Equatorial e, em particular, para a situação crítica na ilha de Annobón. Dezenas de annoboneses continuam presos e estão a ser submetidos a julgamentos a portas fechadas, sem acesso à defesa jurídica e sob acusações arbitrárias e desproporcionais.

Organizações de direitos humanos como EG Justiça, a Associação Africana de Educação para o Desenvolvimento (ASAFED), Abertura da Coalizão da África Central (OCA), o Coletivo Sassoufit e Plataforma Lusófona para os Direitos Humanos (PLUDH) Denunciaram desde Genebra que o governo de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo viola flagrantemente suas próprias leis e compromissos internacionais, ao deter mais de trinta pessoas de Annobón, sem julgamento prévio ou direito de defesa.

“Realizar um julgamento à porta fechada, na ausência dos advogados livremente escolhidos pelos detidos, viola claramente a constituição "da Guiné Equatorial", declarou o Dr. Cruz-Melchor Eya Nchama, presidente da ASAFED, no contexto de um processo que mais se assemelha a um sequestro extorsivo do que a um caso judicial legalmente fundamentado.

As organizações alertaram que os acusados ​​estão detidos há mais de dez meses na prisão de segurança máxima de Oveng Azem, a maioria deles nunca conseguiu falar com um advogado e suas famílias foram perseguidas ou até mesmo presas quando tentavam descobrir seu paradeiro.

O caso contra os annoboneses surge após uma protesto pacífico realizado em julho de 2024, quando os moradores da ilha enviaram uma carta ao ditador Obiang exigindo a cessação de explosões de dinamite realizado pela empresa marroquina SOMAGEC. As explosões promovidas pela força de ocupação colonial estrangeira destruíram casas e danificaram gravemente o ecossistema da ilha - declarou Reserva natural– e gerou profunda inquietação entre a população.

Longe de dar uma resposta institucional, o regime respondeu com uma onda de sequestros, transferências forçadas para Malabo, isolamento, censura nas redes sociais, acusações desproporcionais e perseguição tanto na ilha quanto na Guiné Equatorial. De acordo com a acusação datada de 10 de maio, os annoboneses enfrentam acusações de rebelião, desordem pública, perturbação da ordem constitucional e difamação, entre outros.

“O julgamento a portas fechadas contradiz diretamente os compromissos que a Guiné Equatorial assumiu com o Conselho de Direitos Humanos da ONU em março passado”, disse Tutu Alicante, diretor da EG Justice. "O regime aceitou recomendações que pediam a libertação de detidos arbitrários e a ratificação do Protocolo contra a Tortura, mas fez exatamente o oposto."

O povo anobonês, actualmente perseguido, isolado, incomunicável e sem garantias legais, continua a resistir em silêncio. Do exterior, a diáspora e as organizações internacionais tentam romper o cerco do regime, exigindo que o governo de Obiang respeito pelos direitos humanos básicos e lançamento imediato daqueles presos por exercerem seu direito de se expressar pacificamente.

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