Obiang culpa os annoboneses para justificar um plano de expropriação de terras na ilha.

Ernesto Biahute, chefe do aeroporto de Annobón, anunciou o avanço do regime em uma conferência realizada em San Antonio de Palé.

Como punição após a viagem internacional do governo do República de Anobon Na Argentina, meios de comunicação próximos ao regime da Guiné Equatorial difundiram a suposta preocupação de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo Em relação às plantações agrícolas nas proximidades do Aeroporto Militar de Annobón, alerta para os riscos à segurança aérea causados ​​pela travessia de agricultores na pista e pela presença de cultivos próximos.

Contudo, esses avisos omitem um plano sinistro e um contexto fundamental: A destruição progressiva do ecossistema anobonês e a deterioração das condições de vida causadas pelo próprio regime.

A deterioração do ecossistema anobonês

Nos últimos anos, a ilha passou por uma transformação forçada que teve consequências sociais e ambientais devastadoras. A construção de um aeroporto militar de utilidade duvidosa, o uso intensivo de dinamite para explorar pedreiras, a contaminação com resíduos industriais — incluindo resíduos nucleares — e a introdução de espécies animais estranhas ao ecossistema local, como cavalos, reduziram drasticamente as terras adequadas para o cultivo.

Essas políticas alteraram o equilíbrio ambiental da ilha e afetaram diretamente as comunidades rurais, que foram forçadas a adaptar sua economia de subsistência a um ambiente cada vez mais hostil. Fazendas tradicionais foram invadidas ou destruídas por atividades militares, poluição e invasão de animais que não fazem parte da fauna local. Soma-se a isso um contexto de violência e desproteção que afeta especialmente mulheres e meninas.

Longe de ser uma questão de segurança aérea, o que acontece em Annobón é uma expressão das profundas contradições do modelo de controle imposto por Malabo. As restrições impostas às terras cultiváveis ​​apenas agravam uma situação crítica para a alimentação e os meios de subsistência do povo annobonese, que já enfrenta sérias dificuldades para garantir sua sustentabilidade básica.

É impressionante que, em vez de assumir a responsabilidade pelos danos causados ​​à ilha, as forças invasoras e opressoras de Obiang estejam agora tentando transferir o fardo do problema para aqueles que sobrevivem com o mínimo necessário. As plantações perto do aeroporto não foram uma escolha voluntária: esta é a área cultivada mais plana da ilha, historicamente usada para esse propósito até que o regime decidiu expropriá-la sem nenhuma compensação aos ilhéus.

Uma lei como parte do plano macabro

Essa repressão à agricultura de subsistência ocorre em paralelo a um projeto legislativo que pode agravar ainda mais a situação: o Senado da Guiné Equatorial começou a elaborar uma nova lei sobre propriedade da terra que busca substituir a lei em vigor desde 2009. O texto, promovido pelo poder executivo, é justificado pela "crescente demanda" por terras rurais e urbanas para investimento privado e propõe a redefinição do quadro legal para a propriedade da terra em todo o país.

Estudo da Apresentação 1 do Projeto de Lei do Regime Fundiário.

Embora a lei reconheça formalmente a existência de terras ancestralmente ocupadas por tribos ou grupos familiares indígenas, não garante proteção eficaz. Pelo contrário, abre a porta para uma maior concentração de terras nas mãos do Estado, e deixa as comunidades locais em uma posição de extrema vulnerabilidade, já que muitas delas não têm títulos de propriedade formais. Em um contexto como o de Annobón — onde as forças invasoras e opressoras de Obiang já expropriaram terras agrícolas em favor de interesses militares ou extrativistas — essa reforma legal poderia consolidar um modelo de desapropriação institucionalizada.

É imperativo que a comunidade internacional preste atenção à situação ecológica, económica e social da ilha, para garantir o direito soberano dos seus habitantes à terra, ao trabalho e à alimentação em condições dignas.

Deixar uma resposta

Seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *