A violência e a repressão sistemática do regime da Guiné Equatorial contra os habitantes da República de Annobón acrescentaram um novo capítulo. A nova vítima desta escalada repressiva foi Hermelindo León Laurel, um escritor proeminente, cuja única falha foi a sua identidade anobonesa.
O caso do escritor, que se junta aos 37 anoboneses detidos arbitrariamente pelo regime de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, foi detido na sua própria casa pelas forças do regime, sem qualquer motivo ou processo legal. Durante a operação, as autoridades também detiveram a sua filha mais nova, que foi forçada a regressar a casa para trazer o telemóvel do pai. Em Annobón, possuir um telemóvel é um risco constante devido à inexistência de serviços de Internet e outras formas de comunicação, que o regime controla rigorosamente. Este dispositivo, que para muitos é uma ferramenta de conexão com o mundo, tornou-se motivo de criminalização e perseguição.

Uma das obras do escritor Hermelindo León Laurel.
O escritor foi despido, deixado apenas de cueca, e assim transferido de sua casa para o quartel. Esta humilhação pública é mais um exemplo dos abusos que o regime perpetra contra os anoboneses. Desde a manhã da sua detenção não houve notícias de Hermelindo León Laurel. Fontes próximas temem que ele seja transferido para Malabo, capital da Guiné Equatorial, sem ter cometido nenhum crime, e que seja submetido a tortura ou desaparecimento forçado.
Violações sistemáticas dos direitos humanos
O caso da filha de Hermelindo é igualmente alarmante. Os menores de Annobón são constantemente expostos a abusos sexuais e violações por parte dos soldados do regime, que operam com total impunidade. Esta situação reflecte o estado de falta de controlo na ilha, onde as autoridades transformaram o território num espaço sem lei, onde os direitos humanos básicos são ignorados e as raparigas são particularmente vítimas de violência.
Na Guiné Equatorial, portar a identidade anobonesa constitui um verdadeiro estigma. Ser originário de Annobón equivale a ser marcado como um escravo sem direitos, enfrentando constantemente abusos, violência e morte nas mãos de soldados. A liberdade de expressão é totalmente proibida na ilha e qualquer forma de resistência, mesmo simbólica, é brutalmente reprimida.
Apelo à ação urgente
A situação em Annobón exige uma resposta imediata da comunidade internacional e das organizações de direitos humanos. A detenção arbitrária de Hermelindo León Laurel e o perigo que a sua filha enfrenta são exemplos claros das contínuas agressões do regime. A falta de acesso aos meios de comunicação social e o isolamento em que vive a população anobonesa agravam esta crise, deixando as vítimas sem possibilidade de denunciar ou procurar ajuda.
Chegou a hora de as nações democráticas e as organizações internacionais agirem para pôr termo às violações sistemáticas dos direitos humanos em Annobón. Cada dia que passa sem intervenção é mais um dia em que o regime comete crimes contra a humanidade. A comunidade anobonesa clama por justiça, por respeito pela sua dignidade e pelo fim dos ataques.