O jornal El País publicou uma reportagem dura sobre o tratamento recebido pelo advogado anobonese.

O prestigiado jornal espanhol El País publicou uma artigo detalhado sobre a perseguição que enfrenta Anjo Obama, o advogado que ousou defender os annoboneses sequestrados pelo regime de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo. A nota, assinada pelo jornalista Marta Colomer, denuncia a falta de independência judicial na Guiné Equatorial e tem como alvo direto a Ilustre Ordem dos Advogados, controlada pelo próprio cunhado do ditador.

"Esta instituição foi mal utilizada para perseguir um defensor dos direitos humanos, homem e mulher", alerta o artigo. Uma delas é justamente Anjo Obama, que segundo o jornal “atuou em casos envolvendo todo tipo de violações de direitos humanos no país” e “apoiou defensores que foram agredidos, detidos e submetidos a detenções arbitrárias unicamente por realizarem seu trabalho legítimo, como Anacleto Micha e Joaquín Elo Paysa”.

Obama foi temporariamente suspenso do exercício da advocacia em 14 de agosto. O motivo? Defenda o Paysa e sua plataforma cidadã Somos+, classificada como “ilegal” pelo regime. "Em 9 de agosto, a Ordem dos Advogados ameaçou suspendê-lo se ele continuasse a defender organizações 'ilegais' de direitos humanos", disse ele, segundo o El País. Poucos dias depois, a ameaça foi cumprida.

Obama representa vários cidadãos annoboneses sequestrados desde julho do ano passado, como parte de protestos pacíficos que exigem o fim dos bombardeios na ilha pela empresa marroquina SOMAGEC. Entre os sequestrados está o poeta Francisco Ballovera Estrada, que foi preso após tentar levar comida aos manifestantes presos.

A HRF exigiu a retirada imediata das sanções impostas a Obama e descreveu sua desqualificação como uma punição política. “A Ordem dos Advogados da Guiné Equatorial, controlada pelo governo, inabilitou o advogado e fechou seu escritório”, relataram na rede social X.

O artigo do El País também destaca a falta de proteção legal para os advogados sob o regime neocolonial e invasor da Guiné Equatorial: "A falta de independência da profissão jurídica deixa os advogados equatorianos completamente indefesos. Aqueles que exigem um sistema judicial independente e denunciam violações de direitos humanos são desqualificados."

Deixar uma resposta

Seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *