Após uma série de confrontos e resistências o governador da ocupação e representante da repressão guineense Faustino Edu Michá, finalmente capitulou às demandas dos habitantes da República de Annobón. A ilha mergulhou na escuridão devido à negligência, má gestão e práticas questionáveis da Sociedade de Electricidade da Guiné Equatorial (SEGESA).
Num evento realizado hoje ao meio-dia, o governador invasor reuniu todos os funcionários da SEGESA para prometer que no próximo sábado chegará uma fragata com o abastecimento necessário para reativar o motor e, assim, “restaurar” o sistema elétrico da ilha.
No entanto, Micha, numa explosão de raiva e medo, atacou os anoboneses, tentando atribuir-lhes a responsabilidade pela situação. Num discurso cheio de desdém, sugeriu que os habitantes de Annobón solicitassem combustível ao movimento independentista Ambô Legadu, e por extensão, à República de Annobón, apesar das restrições impostas pelo regime militarizado de Teodoro Obiang Nguema, que mantém um controle rígido sobre a ilha e é alvo de inúmeras denúncias de violações dos direitos humanos por perseguir e torturar opositores.
Vale ressaltar que o fornecimento de energia elétrica voltará a funcionar, não de forma absoluta, mas com a mesma precariedade de sempre, assim como vem acontecendo recentemente. Ou seja, em horários fracionados – geralmente entre 19.00h e 6.00h – e apenas em algumas residências de San Antonio de Palé.
A crise em Annobón atingiu um ponto crítico, com os moradores exaustos por terem de pagar por um serviço de electricidade intermitente e de má qualidade. Mensagens de indignação e protesto espalharam-se entre os habitantes, que denunciam a inacção dos representantes do país invasor e manifestam a sua frustração com a militarização da ilha e a grave crise humanitária que enfrentam.
Desta vez, a pressão exercida pela comunidade surtiu efeito e o governador cedeu, marcando uma vitória importante para o povo de Annobón na sua luta pelo acesso digno aos serviços básicos.